sábado, 22 de novembro de 2008

Rádio Digital na 16ª Broadcast & Cable 2007


Com cerca de 7 mil emissoras, entre comerciais e comunitárias, o Brasil tem hoje o segundo maior mercado de rádio do mundo e, consequentemente, um plano de frequência extremamente complexo. A escolha de um padrão de HD Radio (rádio em alta definição) deve contemplar as emissoras atuais, protegendo o conteúdo e as ondas de pirataria, de modo que a estrutura que está montada não tenha de voltar à estaca zero. Como disse André Barbosa, assessor especial da Casa Civil, "não dá para simplesmente botar uma pá de cal nas radiodifusões e começar tudo do zero".
É uma decisão extremamente delicada, mas que precisa ser tomada às pressas. A indústria, estagnada e vendo o rádio ficar para trás frente a novas tecnologias móvies, morde os calcanhares do governo, à espera da escolha. " Há dez anos não produziamos um único aparelho de radiodifusão," disse Acácio Costa, coordenador da Aliança Brasileira para a Rádio Digital. "Quanto tempo mais vamos esperar?Se, daqui a dez anos, surgir um sistema melhor, vamos migrar. Mas o que não podemos é esperar mais para definir um padrão."
Costa defendeu a escolha do padrão norte-americano IBOC. "Entregamos um documento para o ministério das Comunicações defendendo os princípios da rádio digital, que o sistema contempla. O modelo de rádio digital que queremos nos defenderá desta calamidade pública que são as rádios piratas." No entanto, críticos dos sistema americano afirmam que, embora ele permita a multiprogramação, impedirá a entrada de novas rádios no espectro, já que deverá ocupar integralmente os 400 kHz, quando entrar em operação definitiva.
Acácio Costa bate o pé. "O Conselho da Eletros (Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos) não aceita um padrão que não seja mundialmente aceito." De acordo com ele, o cenário está montado, no que tange os fabricantes. " Panasonic, JVC e Semp Toshiba têm condições de comercializar receptores digitais em três meses. LG e Samsung têm interesse, mas não receptores prontos. A Gradiente prefere aguardar a decisão do governo."
André Barbosa preferiu não dar a cartada final a favor de um ou outro padrão, mas sinalizou críticas ao europeu DRM. " Sou favorável que, em três meses, tenhamos os testes da DRM, para estabelecermos um bom parâmetro de comparação. o Iboc tem um problema de intermodulação noturna. Será que DRM tem também? Precisamos ver se os europeus têm mesmo bagagem para vender," disse Barbosa.

Discussões sobre Rádio Digital na 16ª Broadcast & Cable, evento realizado em São Paulo em 2007 teve visitação recorde e atraiu os principais responsáveis pelas maiores emissoras e produtoras do país em busca de soluções técnicas e financeiras para a digitalização de suas infra-estruturas.

Reportagem da Revista Produção Profissional - Setembro 2007 - Nº 69

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